
Pois é, depois de 2 anos em reformulação, eis que finalmente voltei. Escreverei sobre cinema, música e outras coisinhas mais.  E para essa reestréia escolhi um grande filme, que eu e mais um bando de gente teve o prazer de assistir recentemente: Batman - O Cavaleiro das Trevas
Desde Batman Begins, a muito bem vinda ressureição do Batman no cinema, todo o fã do personagem esperava para ver até onde Christopher Nolan poderia levar o morcego, afinal depois da destruição promovida por Joel Schumacher, todos consideravam morta e enterrada a franquia do herói. Begins não só trouxe de volta o Batman como também o reinventou para o novo milênio, um Batman mais moderno, sombrio e realista. Apoiado em um grupo de ótimos atores, selecionados a dedo para dar vida ao universo recriado, de Chritian Bale a Morgan Freeman (a exceção da inssossa Kate Holmes), todos dão uma excelente colaboração para o sucesso do filme.
Begins se tratava basicamente de origem, de apresentação, tinha como principal função introduzir ao público as motivações de seu herói, sua genese, seu mundo, seus pontos fracos e fortes, criar cumplicidade e intimidade. Com uma boa aventura como pano de fundo, escrita por Nolan e seu irmão, Batman Begins recuperou nossa fé no Homem Morcego e nos trouxe uma ótima expectativa para o novo filme. Apesar de toda a boa atmosfera, e de Begins ter sido ótimo, nada poderia nos preparar para o que seria O Cavaleiro das Trevas, então vamos ao que interessa.
Pra começo de conversa, é verdade quando Coringa em uma de suas falas afirma que Batman mudou as coisas para sempre. É a mais pura verdade. Esqueça tudo que você sabe sobre filmes de super heróis, Christopher Nolan quer jogar outro jogo, Batman - O Cavaleiro das Trevas está em um nível totalmente diferente, e os outros que corram atrás.
Não é nenhum exagero colocar o novo filme do Batman lado a lado de obras primas do cinema como o Poderoso Chefão, Serpico ou Operação França. BCDT (Batman - O Cavaleiro das Trevas) não é um filme de super heróis, é acima de tudo um filme sobre o crime, sobre a maldade inerente ao ser humano, sobre traição, corrupção, sobre a loucura. Com um roteiro extremamente maduro e inteligente, cortesia de Christopher Nolan e seu irmão, uma história complexa que poderia facilmente cair em várias armadilhas do genêro, escapa ilesa dos clichês apoiada nos ótimos dialógos e nas interpretações inspiradas de seu elenco estelar, principalmente a trinca de atores principal. 

A começar pela já exaustivamente comentada atuação de Heather Ledger. É mesmo tudo que dizem. E pensar que em sua filmografia existem filmes como Coração de Cavaleiro e 10 Coisas que odeio em você. Já nos 5 minutos iniciais fica bem claro a que o Coringa veio. Violento, louco e amoral, Ledger entrega um Coringa insuperável, insano, intocável. Acho mesmo difícil que apareça uma atuação melhor esse ano, se houver justiça em relação a academia, o oscar já é dele. Dono dos melhores diálogos, não fosse o bem estruturado roteiro o Coringa teria roubado a festa, mas a excelente história deixa espaços para todos, inclusive para Bale e seu Batman, que normalmente nos filmes anteriores, a exceção de Begins, ficava sempre relegado a segundo plano, o que não acontece dessa vez. Com um conflito verdadeiro e intenso, Bale tem material suficiente para conferir humanidade e profundidade a seu Batman. E fechando o trio, Aaron Eckhart com seu paladino da justiça, Harvey Dent, entrega um personagem obstinado e arrogante, que representa para o Batman e Gotham a tão esperada redenção.
Apesar de toda a força dramática de seu roteiro, BCDT não deixa a peteca cair quanto a ação, sua hora e meia inicial é tão intensa que as duas horas e meia de filme passam voando. Explosões, tiros, caminhões virando, lutas bem coreografadas. Com domínio total da  ação e edição, Nolan faz cinema da melhor qualidade. Tudo é muito artesanal, filmado mesmo, nada de profusão de efeitos e tela azul, a sensação é de que tudo é a "vera", graças a escolha de optar por menos efeitos e mais ação de verdade. Muito bem filmado e fotografado, BCDT é urbano, tem cheiro de concreto, é sujo, é Gotham City. Some a tudo isso uma edição primorosa e uma trilha sonora matadora e temos o filme do ano.
No fim das contas BCDT é sobre uma cidade corrupta que precisa ser salva, sobre o embate de três forças de mudança, sobre escolhas, sobre aceitar as coisas como estão ou tentar muda-las, é sobre princípios, sejam ele certos ou errados, e principalmente é sobre aceitar o preço dessas escolhas, por acaso essa história tem mascarados e maquiados. Se por um lado temos um Coringa como agente do Caos e da destruição, tentando provar que louco, todos podemos ser, do outro temos um Harvey Dent que é a representação máxima do bem, quase inocente em sua cruzada, e um Batman que fica na zona cinza entre esses dois polós, guiado pela esperança de dias melhores, em dias em que sua figura não será mais necessária. BCDT tem filosófia e Psicológia de sobra, o que fica claro sem didatismo, nos dialógos maravilhosos entre Coringa e Batman, e também entre Coringa e Harvey, finalizando com o antológico monólogo de Gordon, que deixa bem claro que Batman não é um herói, ele é o que Gotham necessita, ele é o Cavaleiro das Trevas. 

2 comentários:
Wow!! É bom ler um texto bem escrito por quem entendo muito bem do que se esta tratando. Adeus bonequinho. Parabéns, agora vou correndo ver o filme.
"...BCDT é urbano, tem cheiro de concreto, é sujo, é Gotham City"
Só por esse trecho, você já merece o Pulitizer meu nobre Padawan. Que a força esteja com você!
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